terça-feira, 8 de novembro de 2011

MEIO AMBIENTE

IVANI  IZIDORO

Visita clandestina

Foram várias noites de perseguição: a cachorra correndo dentro de casa e o meu sono tentando vencer os latidos que insistiam em me levar para a cozinha...
  Desconfiava que tínhamos um clandestino de quatro patas a bordo de nossa casa, provavelmente , um roedor.
  Baby farejava e saia pela casa em desespero, pior: quando achava a persona não grata em patas e conteúdo, corria para cima da gente na cama! (Por medo ou para chamar? Ainda fico na dúvida).
  Graças sejam dadas pela mudança de hábito do intruso de noturno para o matutino!
  Naquela manhã de quinta-feira, após a única noite bem dormida da semana, levantei disposta a uma caminhada.
  E, minha parceira de andanças resolveu começar a fuçar a casa inteira, chegando até perto do meu carro .
  Late, que late, que late!
  Era hora? Com a vizinhança dormindo, não tive outro jeito a não ser ir atrás da cachorra para que parasse de latir.
  Abri o capô do carro , surpresa: dentro havia um gato .
  Tirei o intruso do carro e o coloquei para fora da minha casa.
  Entrei para colocar o tênis e a Baby ainda incomodada me acompanhou, de repente saiu correndo de novo.
  Late, que late, que late!
  Abri o capô e novamente lá está o gato...
  A mesma coisa: tirei o intruso e o coloquei para fora da minha casa.
  Fui completar o par de tênis nos pés e Baby ficou do lado do carro, resmungando...
  Sai com a corrente na mão e ela late, late. ..
  Abri o capô e lá estava novamente: o gato!
  - Muito bem, desisto, seu mocinho! Mas, quando voltar, vou precisar ligar o carro e você vai ter que achar outro lugar ou vai virar pastel!
  (A defensora dos animais dentro de mim já tinha sido esquecida )
  Aos protestos da minha amiga cachorra, fomos caminhar e na volta abri o capô: o gato não estava lá e feliz, senti o problema resolvido !
  Mas, sorte a minha! Resolvi passar no supermercado antes de ir ao trabalho.
  Peguei a chave, liguei o carro e nada. Não funcionava.
  - Danado gato, fui sabotada!
  Abri o capô novamente , olhei, analisei, nada entendia do assunto, consertei da melhor forma: chamei o mecânico eletricista!
  Ele, já acostumado aos meus pedidos de socorro, veio rápido e enquanto consertava meu carro sabotado, fui para dentro de casa.
  De repente, escutei os berros vindo da garagem. Fiquei assustada, pois meu amigo eletricista sempre é muito tranqüilo. Lembrei do gato .. e, corri para fora!
  Quando sai, cena inédita: Renato segurava uma ratazana com um alicate.
  - Estava dentro do carro, atrás da bateria, ele roeu o cabo, por isso o carro não pegava!
  Na mesma hora, leitora de Agatha Cristie, senti o sabor de ser desvendadora de mistérios:
  Aquela ratazana, era a persona não grata que estava dentro de casa . Naquele dia ao mudar seus hábitos, correu para dentro do carro fugindo da Baby. O gato tentando conseguir o café da manhã, entrou dentro do carro e a cachorra? Atrás do gato e da ratazana!
  Mistério resolvido, cadáver estirado e registrado em nosso diário, percebo a chateação do Renato.
  - Aconteceu alguma coisa?
  - Eu não devia ter matado amigo meu!
  - Amigo?
  - É, um rato largado..... Coitado! Eu não poderia ter feito isso! Sou membro, ou melhor, presidente dos RATOS LARGADOS moto-clube.
  Lembrei da sua jaqueta com um ratinho e da sua tatuagem de rato no braço e dei graças a Deus: ali estava um homem que é capaz de deixar sua ideologia para fazer o necessário!
  Fica um consolo animal: mesmo um rato sem teto, pode ter um defensor por perto!

IVANI IZIDORO

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