IVANI IZIDORO
Visita clandestina
Visita clandestina
Foram várias noites de perseguição: a cachorra correndo dentro de casa e o meu sono tentando vencer os latidos que insistiam em me levar para a cozinha...
Desconfiava que tínhamos um clandestino de quatro patas a bordo de nossa casa, provavelmente , um roedor.
Baby farejava e saia pela casa em desespero, pior: quando achava a persona não grata em patas e conteúdo, corria para cima da gente na cama! (Por medo ou para chamar? Ainda fico na dúvida).
Graças sejam dadas pela mudança de hábito do intruso de noturno para o matutino!
Naquela manhã de quinta-feira, após a única noite bem dormida da semana, levantei disposta a uma caminhada.
E, minha parceira de andanças resolveu começar a fuçar a casa inteira, chegando até perto do meu carro .
Late, que late, que late!
Era hora? Com a vizinhança dormindo, não tive outro jeito a não ser ir atrás da cachorra para que parasse de latir.
Abri o capô do carro , surpresa: dentro havia um gato .
Tirei o intruso do carro e o coloquei para fora da minha casa.
Entrei para colocar o tênis e a Baby ainda incomodada me acompanhou, de repente saiu correndo de novo.
Late, que late, que late!
Abri o capô e novamente lá está o gato...
A mesma coisa: tirei o intruso e o coloquei para fora da minha casa.
Fui completar o par de tênis nos pés e Baby ficou do lado do carro, resmungando...
Sai com a corrente na mão e ela late, late. ..
Abri o capô e lá estava novamente: o gato!
- Muito bem, desisto, seu mocinho! Mas, quando voltar, vou precisar ligar o carro e você vai ter que achar outro lugar ou vai virar pastel!
(A defensora dos animais dentro de mim já tinha sido esquecida )
Aos protestos da minha amiga cachorra, fomos caminhar e na volta abri o capô: o gato não estava lá e feliz, senti o problema resolvido !
Mas, sorte a minha! Resolvi passar no supermercado antes de ir ao trabalho.
Peguei a chave, liguei o carro e nada. Não funcionava.
- Danado gato, fui sabotada!
Abri o capô novamente , olhei, analisei, nada entendia do assunto, consertei da melhor forma: chamei o mecânico eletricista!
Ele, já acostumado aos meus pedidos de socorro, veio rápido e enquanto consertava meu carro sabotado, fui para dentro de casa.
De repente, escutei os berros vindo da garagem. Fiquei assustada, pois meu amigo eletricista sempre é muito tranqüilo. Lembrei do gato .. e, corri para fora!
Quando sai, cena inédita: Renato segurava uma ratazana com um alicate.
- Estava dentro do carro, atrás da bateria, ele roeu o cabo, por isso o carro não pegava!
Na mesma hora, leitora de Agatha Cristie, senti o sabor de ser desvendadora de mistérios:
Aquela ratazana, era a persona não grata que estava dentro de casa . Naquele dia ao mudar seus hábitos, correu para dentro do carro fugindo da Baby. O gato tentando conseguir o café da manhã, entrou dentro do carro e a cachorra? Atrás do gato e da ratazana!
Mistério resolvido, cadáver estirado e registrado em nosso diário, percebo a chateação do Renato.
- Aconteceu alguma coisa?
- Eu não devia ter matado amigo meu!
- Amigo?
- É, um rato largado..... Coitado! Eu não poderia ter feito isso! Sou membro, ou melhor, presidente dos RATOS LARGADOS moto-clube.
Lembrei da sua jaqueta com um ratinho e da sua tatuagem de rato no braço e dei graças a Deus: ali estava um homem que é capaz de deixar sua ideologia para fazer o necessário!
Fica um consolo animal: mesmo um rato sem teto, pode ter um defensor por perto!
IVANI IZIDORO
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