segunda-feira, 28 de março de 2011

crônica - Ivani Isidoro

As Superpoderosas

Dos meses do ano, março é um mês para todas nós:
as SUPERPODEROSAS - MULHERES! 

  Tempo de recordar as femi-nistas em passeatas, da quei-ma de sutiãs em praça pública, tudo pela defesa da igualdade dos sexos.
  Não queimei sutiã, afinal, nem tinha ainda usado. Mas, aos doze anos fui participante de uma passeata feminista na Praça da Sé, São Paulo.
  Na época, a minha família mudou-se para o centro da cidade de Cruzeiro.
  D. Íris (como dizem na minha terra: que Deus a tenha !), foi a primeira vizinha que conhecemos e para a minha mãe, a janela para um mundo novo. Através dela, conhecemos Janete Bastos, engajada em mo-vimentos feministas, políticos e 1ª Dama da cidade.
  Daí, chegar até a São Paulo acompanhando um bando de mulheres feministas e participar de uma passeata na praça da Sé, foi um pulo!
  Passeata com barreira de Soldados, mulheres presas e toda aquela muvuca normal de uma passeata revolucionária! E, sem saber nada disso, lá estávamos nós: eu e minha mãe. Ela, muito mais pelo passeio e oportunidade de conhecer outros lugares e eu, pela ideologia feminista (recém aprendida) - com vontade adolescente de mudar o mundo. Os nossos diferentes motivos ficaram claros quando, ao levantar a tabuleta feminista de reivindicação na frente das filmadoras de TV, minha mãe gritou:
  - Abaixe! Abaixe a tabuleta para cobrir o rosto! Se seu pai nos ver aqui, estamos perdidas!
  Grande feminista de araque me senti! Confesso a frustração daquele momento: estava ali fazendo história e não poderia contar para todo mundo com medo de apanhar em casa...
  É .... De lá para cá, muita coisa mudou !
  Atualmente, estamos em todos os lugares na nossa so-ciedade – temos até uma mulher presidente !
  Mulheres SUPER-PODEROSAS!
  Pois, somos mães, profissionais, mulheres, cuidamos da casa e damos conta de tudo!
  Fecho os olhos e ainda ouço as vozes gritando por direitos iguais ....
  O direito de trabalhar, o direito de decidir, os direitos .... Direitos!
  Recordo o ditado conhecido de muitos: “o meu direito começa onde o seu termina”. Hoje, conheço outro ditado e é nele que acredito: “meu direito começa junto e ao mesmo tempo que o seu”.
  Ou seja: meu DIREITO não está antes ou depois do seu, ele É ao mesmo tempo - MEU e SEU!
  Pensando assim, não estaria levantando tabuletas pelos direitos das mulheres,na praça da Sé. Estaria lá, pelo direito humano de ser respeitada dentro das igualdades e diferenças de todos nós e pelo simples direito do AMOR ...
  Isso mesmo: direito do amor!
  Defenderia o mandamento do Mestre dos Mestres para torná-lo lei: amar ao próximo como a si mesmo!
  Não uma lei como muitas que existem e não passam do papel e sim uma lei universal internalizada na alma de cada um, vivida no coletivo social, buscada e praticada por todos.
  Minha mãe, mesmo estando a passeio naquela passeata, aprendeu e lutou pelo direito de trabalhar e até hoje luta como todas nós, pela liberdade de ter seus pensamentos respeitados. Aprendeu a usar calça comprida, mas nunca abandonou o feminino de usar uma saia .
  Foi com ela que aprendi ser igual?? Que nada! Bom é a diferença!
  É através dela que podemos ser solidários .
  Junto as minhas lembranças, vem uma vontade adolescente.
  Vem as idéias ....
  Uma, tem comichado o meu pensamento:
  Bem que poderíamos voltar-mos as praças, levantarmos bem alto as tabuletas, queimarmos as calcinhas e as cuecas por direitos iguais de amar e sermos amados !

Ivani Isidoro

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