quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Poema







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Zenilda Lua


 














A tarde nem tinha começado direito e ela encostou-se a churrasqueira e pegou no sono.

Sua cor era de um azul tão festivo que humilhava o céu do sertão todinho.

Chamei a Brisa para assistir aquela oferta de amor silênciosa.

Veio sorridente com seu inevitável cuidado fotográfico, registrando a raridade daquela beleza.

Dois cliques e nenhum arremeço de suspiro ou reclamação.

Abaixei o som.

Putz!

O cheiro da chuva e a fanfarra dos trovões oferecia riscos.

Voltei ao local e ela permanecia estática feito àgora grega, linda como um poema do Drumond.

As borboletas tem sono leve, pensei.

Vou gritar por ela.

E gritei por imposição da circunstância. Nenhum aceno ou pedido de espera.

Toquei-lhe as costas com o fura-bolo e nada.

Incomodada com aquela postura restou-me apenas transmitir seu recado:

-Diga aos amigos que tive uma vida maravilhosa....

(e desceu leve pela correnteza que escorria da calha).




2 comentários:

  1. Rita

    Lembro dessa tarde como se fosse agora. Uma chuvaiada boa,Brisa experimentando sua liberdade fotográfica e uma borboleta silenciosa...
    Tudo azul feito essa alma de flor que tu carregas.
    Beijos interessantes de gratidão e bem querer

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  2. Um poema feito é magia... eterniza momentos, além de dividi-los com amigos, conhecidos e desconhecidos. Afinal... é para toda a vida!
    Beijos, felicidades e a paz!

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