sábado, 30 de abril de 2011

CRÔNICA - RITA ELISA SEDA

Rita Elisa Seda
Cronista, poeta, biógrafa,
fotógrafa e pesquisadora.

   Esse tempo chuvoso me trouxe respingos na memória, a lembrança de uma semana chuvosa como essa que emoldurou pelo menos cinco dias e cinco noites, sem descanso. E, por falar em descanso... uma chuvinha assim é boa mesmo para ficar na cama. Me lembro bem... foi há mais de 15 anos, minha filha trabalhava no shopping Center Vale, ia ao trabalho logo cedo, de ônibus. Mas, aquela manhã, como as de-mais daquela semana, a chuva não deu trégua. Levantei-me, o tempo além de chuvoso... esfriou, nada melhor do que um ótimo café da manhã para começar bem o dia. Fui para a cozinha. Sabrina veio em seguida, anunciando que o estômago roncava de fome. Foi para o banho. Rsolvi fazer uma surpresa: bolinho de chuva. A iguaria predileta de minha filha, ainda mais em dia chuvoso. Como sempre, não consigo fazer uma porçãozinha desse bolinho, tem de ser uma enorme porção, me alegra vê-los virarem sozinhos no óleo quente. A porta da cozinha foi escancarada deixando passar minha filha, afoita por causa do cheiro bom. Preparou o açúcar com canela e polvilhou os bolinhos, deixando-os com a cor ainda mais ocre e com uma textura de quero mais. O café coado na hora é ponto de honra nessa hora. Mesa posta, ficamos comendo bolinho e tomando café puro. Nem vimos o tempo passar. A conversa animada parou os marcadores do relógio. Foi mais do que de repente (Sabrina tem sempre disso...) minha filha deu um berro: Estou atrasada. Levantou de um salto: Mãe, você vai ter de me levar, agora! Hoje tem auditoria... E começou a me puxar pelo braço. Eu reagi: Calma filha, estou de pijama. Vou trocar de roupa... Ela não me deu ouvidos: Que nada, vamos direto para o carro, ninguém vai ver você vestida de smurfete. Sempre falava assim do meu pijama azul de cetim, lindo, que eu amava tanto. Tentei ficar zangada: Não fale assim do meu pijama... Fomos pela escada, sem fazer barulho. Chegando na garagem Sabrina foi na frente e me deu sinal de caminho livre. Entramos no carro: Pronto, mamãe, agora pé na tábua. Fique tranqüila ninguém a viu, assim... vestida de smurfete. Se é para ir rápido tem de ser pela Dutra. Lá fomos nós. Ao pegar velocidade no retão depois do Makro, descendo para o viaduto Bandeirantes, notei algo crescendo atrás do carro, era uma carreta desgovernada, meu anjo da guarda me mandou puxar a direção para a esquerda, foi em uma fração de segundo, a carreta passou por mim, atingiu o fusca mais à frente que perdeu a direção, foi de encontro ao barranco, subiu e voltou capotando. Parei do lado do fusca, no meio da pista. Eu e Sabrina ajudamos o motorista sair do carro, pois o fusca vazava gasolina. Depois puxamos nosso carro para o acostamento. O transito foi parando. Os bombeiros chegaram, a polícia também, dei meu depoimento à polícia. Depois de mais de uma hora, a pista foi liberada, conseguimos sair dali, deixei a Sabrina no shopping e voltei devagar para casa. Por dentro da cidade, sem Dutra.

  Só não contava com o que aconteceu à noite. No Jornal Nacional mostraram o aci-dente na Dutra, o congestionamento, o fusca com as quatro rodas para cima e, parada em plena Dutra, uma mulher vestida com pijama azul de cetim, nos pés... pantufas de coelhinho. Foi demais me ver assim. Não deu outra... doei meu pijama para uma obra de caridade e aposentei minhas pantufas.



   Agora aqui vai a receita do bolinho de chuva: misture duas e meia xícaras de farinha de trigo com quatro colheres de açúcar, uma pitada de sal e uma colher de fermento em pó. Mexa tudo. Depois coloque aos poucos: uma colher de margarina ou duas de óleo de soja, um ou dois ovos (depende do tamanho do ovo), meia xícara de leite e meia colher de erva doce. Misture tudo até formar uma pasta, não muito dura. Frite em óleo não muito quente. Recolha os bolinhos em vasilha forrada com papel absorvente e polvilhe açúcar misturado com canela. Bom apetite.



Um comentário:

  1. Só você mesma, Ritelisa!!!KKKKKKKKKKKKKK
    Você e suas aventuras, e esta????
    Daquelas bem perigosas, MAS . . . com certeza:PROTEGIDA PELAS MÃOS DE DEUS!!!
    Bom estes bolinhos devem ter ficados deliciosos, a ponto de perderem a noção da hora...kkkkkk

    Beijos, forte e carinhoso abraço!!!

    Silvinha

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