terça-feira, 13 de julho de 2010

Crônica - Rita Elisa

Figueiras da

Praça do Sapo
  
Todos que passam pela Praça João Mendes, chamada popular-mente de Praça do Sapo, ficam maravilhados com a exuberância das figueiras que circundam o local.
   Desde 11 de janeiro de 2000 que essas árvores são preservadas em forma de Lei Municipal, pelo Decreto Nº 9856.
   Vamos rever a história dessa praça... era um espaço aberto sem jardim, sendo chamada de ‘Largo da Valeriana’, por causa da Casa Valeriana de F. Cardoso & Cia, um estabelecimento comercial que existia bem na esquina da rua Rubião Júnior com a Marechal Floriano Peixoto, onde atualmente há uma instituição financeira.
   Através de um projeto de lei da Câmara Municipal, em 04 de setembro de 1905, recebeu o nome de Praça Dr. João Mendes, em homenagem a um importante jurista e vereador da cidade de São Paulo que, no século XIX, foi Presidente da Câmara.
   O largo era lugar perfeito para a instalação dos circos que vinham de toda região. Afinal era bem no centro da cidade e naquela época, metade da década de 1920, não existiam shoppings, a diversão era assistir aos espetáculos de circos como o ‘Sul Americano’, ‘Circo Norte Americano’, Circo Irmãos Abelardo’, e outros mais.
   Foi durante a gestão do prefeito Dr. Francisco José, no final da década de 30 que começaram as obras de ajardinamento. Mas logo pararam essas benfeitorias que só foram concretizadas durante a administração do Dr. Pedro Popini Mascarenhas (1942-1947). Sendo imprescindíveis um pouco mais de 200 caminhões de terra para levantar e aplainar o terreno. Foram inseridos no chafariz os sapinhos de cimento (por isso Praça do Sapo) que ainda hoje vemos por lá, o imponente caramanchão e as figueiras. A nova praça foi inaugurada em 1943.
   O Globo central na fonte e o Monumento à Bíblia foram colocados durante o fim da década de 1970 e, também durante essa reforma, foram retirados os simpáticos sapinhos, atitude que teve de ser repensada, por isso dois anos depois, os verdinhos sapinhos estavam de volta. Para delírio dos que amam a praça.
   A cidade cresceu e no entorno da praça... mais ainda. Com isso ela está quase sem jardim, mas as imponentes figueiras continuam por lá. Durante a década de 1970 e 1980 havia bichos preguiças que moravam nessas árvores. Eu mesma ia sempre lá ver esses mamíferos, por causa do jeito tranqüilo deles e por causa de seus poucos dedos. Ficavam dependu-rados nos galhos e, segundo os ambulantes que lá têm barraqui-nhas há mais de 23 anos, se dependuravam nos fios elétricos e morriam eletrocutados. A alegria era ver esses bichos em terra, desciam uma vez por semana para defecar no canteiro. Ás vezes aparecia uma ou outra, mais arteira, no canteiro perto dos ambulantes e era uma farra levar a preguiça para perto da árvore. São denominadas ‘preguiça’ porque dormem 14 horas por dia. Quando temos sono demais, falamos que estamos com ‘preguiça’, pondo a culpa nesse mamífero de pelos curtos que ama comer folhas.
   Com o crescimento do comér-cio ambulante ao redor da praça, ficou difícil evitar constrangi-mentos para com a preguiça, isso mesmo, pessoas jogavam banana, pensando que ela ia pegar e comer, isso sem dizer as pedradas, além de que elas estavam procriando, aumentando o número de bichos nas árvores. Há mais ou menos 15 anos elas foram recolhidas pelo Corpo de Bombeiros, e levadas para o Horto Florestal de São José dos Campos.
   A Praça do Sapo precisa ser mais respeitada em sua jardina-gem. Atualmente é difícil ver uma flor, vamos dizer assim... um verdinho, no chão da praça. As figueiras continuam lá, se pu-dessem falar contariam todas essas mudanças com detalhes, e clama-riam pelas suas amigas preguiças, amigas que adormeciam em seus galhos.
   Passear pela praça só pelo prazer de ver essas árvores é algo raro, há quem até fale: ah!... tem árvores lá?! Nunca vi, vou direto para as compras, no calçadão!
   Eu digo... ai que saudades da época do circo!!!

Rita Elisa Seda

WWW.ritaelisaseda.com.br

Um comentário:

  1. Rita, adorei seu texto sobre a praça, ela realmente marcou nossa infância. Na minha família rola uma história de que as figueiras foram primeiro plantadas pela minha bisavó, Ana Berling Macedo, em latinhas a partir de sementes que ela recolheu das que já cresciam na Pç. Cônego Lima, depois ela doou para serem plantadas no Jardim do Sapo. Mais uma vez, parabéns pelo blog.

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