quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Contos e histórias

Férias é tempo de

encontrar a família!


Muitos netos nesta época tem a maravilhosa oportunidade de passarem mais tempo com a família, principalmente com os avós. E, felizes são aqueles que possuem avós contadores de histórias e os ouvem! Participam de momentos de puro resgate afetivo, cultural e histórico!


  Moradora de Cruzeiro, 83 anos, 8 filhos, netos e bisnetos, folclorista, restauradora, artista e muitas outras nomeações; D. Alice Ribeiro da Fonseca é uma dessas avós, mais do que isso: uma desbravadora cultural!

  De muitas outras fantásticas contadas por ela, a história de como Nossa Senhora Imaculada Conceição se tornou a padroeira de Cruzeiro é no mínimo curiosa e coloca a importância do resgate da oralidade para manter a verdade dos fatos históricos.
  Tudo bem, que toda santa gos-taria de se parecer com a Mãe de Jesus: a Bem aventurada serva do Senhor. Mas, passar-se por Ela, com certeza seria uma grande absurdo! Em Cruzeiro cidade do Vale do Paraíba isso aconteceu !
  Dona Alice conta: “ Começou assim, Cruzeiro: Juntou os es-cravos fugidos do rio e fizeram aqui o primeiro quilombo de Cruzeiro , como em Piquete e um geral (do Brasil). Para quem vem se quiser ver, Cruzeiro fica em um y, entre Piquete, São Paulo, Lavrinhas e Queluz.”...
  Deste tempo é que viveu o meu tetra avô José Moraes. E, apesar de ser tempo de escravidão, antes Cruzeiro não tinha escravos. D. Fortunata Joaquina vinda do Embaú foi a primeira donatária das terras e escravos onde hoje é Cruzeiro. Casada 2 vezes, foi somente no seu segundo casamento que construiu, nestas terras, a casa da fazenda de pau a pique, hoje conhecida como Museu D. Tita, localizada no centro da cidade.
  Para a imagem de Santa For-tunata trazida por ela, imagem presenteada de Portugal, construiu-se uma capela que também existe até hoje. Assim, a devoção da primeira dama das terras da cidade de Cruzeiro, por tradição, seria a sua primeira madrinha religiosa.
  Mas, após a sua morte, os her-deiros passaram a cuidar das terras e os comandos vindos de outras terras próximas e, tinham a Nossa Senhora da Imaculada Conceição por devoção.
  Santa Fortunata foi retirada da capela e levada para a prefeitura de Cruzeiro. Desta forma, para justificar a mudança da padroeira, vestiram Santa Fortunata de Nossa Senhora.
  Querem saber o porquê?
  Simplesmente... Política!... Como relata D. Alice, existem ruas em Cruzeiro com até 3 nomes, para comprovar, ela mostra a foto tirada a seu pedido por João Valle, hoje falecido, na época era Diretor de Cultura de Cruzeiro .
  Oficialmente, Imaculada Conceição é padroeira da cidade e no seu dia, 8 de dezembro é feriado em Cruzeiro.
  Não acaba por ai, D. Alice ainda comenta: tem outra candidata a ser madrinha de Cruzeiro: Santa Cecília.
  Bom, se Santa Fortunata, már-tir da época do império Diocleciano, foi vestida com o manto para se passar por Imaculada Conceição (uma das nomeações dada à mãe de Jesus ), como será que Santa Cecília entra nesta história?... Ah! Aí “ são outros quinhentos”, como dizia a minha avó Filhinha!
  O fantástico é isso: uma história sempre puxa a outra e como história de vó é história de beira de fogão, o resto fica para outro café, com tempo.

Ivani Izidoro

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