domingo, 17 de outubro de 2010

Crônica- Rita Elisa

Árvores que valem
uma prosa Joseense

No Bosque dos Eucaliptos, região sul de São José dos Campos, existe uma grande área verde destinada ao esporte e lazer. O local é freqüentado por esportistas, homens e mulheres da terceira idade, mães com crianças em carrinhos de passeio e crianças nos playground, o lugar fica aberto de manhã até a noite.







O Bosque dos Eucaliptos era uma grande fazenda de eucaliptos, que pertencia a uma fábrica de louças. A história dessa fábrica começou em 1923, quando o italiano Eugênio Bonádio construiu a primeira fábrica em São José dos Campos. Ela recebeu o nome de Fábrica de Louça Santo Eugênio.








Para alimentar os fornos da fábrica, mantendo a produção das lindas louças, precisava que os fornos estivessem sempre abastecidos de madeira. Para isso havia um enorme eucaliptal, longe da cidade, região a qual no final da década de 1950 e início da década de 1960 era conhecida como Cinquenta Alqueires, era a antiga fazenda de Eugênio Bonádio que se estendia desde a região do bairro Colinas até o Satélite. Dentro dessa fazenda havia essa enorme plantação de eucaliptos que servia para abastecer os fornos da fábrica de louças.






Com a criação da rodovia Presidente Dutra, a fazenda foi cortada ao meio e a família, então, resolveu lotear uma parte das terras que foi separada do resto da fazenda. Nesse loteamento foram construídas casas populares a preço módico, pois o lugar era afastado do centro de São José dos Campos. A aposentada Neusa Zanardi, comprou sua casa em 1973, explica: “O eucalipto vinha até ali do outro lado da calçada (saindo à porta de sua casa na avenida Iguape), era uma área imensa de eucaliptos. Era muito bom morar aqui naquela época porque todos se conheciam, havia segurança, as casas não tinham muros, eram apenas algumas cercas de madeira”. Neusa, também trabalhou na Fábrica de Louça Santo Eugênio, seu ingresso foi no fim da década de 1960.

O fotógrafo Josino Pedro de Paiva, que em 1971, já morava no bairro, na época era repórter fotográfico no jornal Agora, diz que depois daquele enorme bosque de eucaliptos havia o grande pasto da fazenda dos Alemães. Nessa ocasião o bairro era isolado, até o ano de 1983 não havia luz elétrica e muito menos ônibus ali.

O crescimento do bairro se deve ao projeto da Regional São Paulo S.A. Comercial, Construtora e Importadora que iniciou em julho de 1975 as obras de urbanização de uma área de 3,5 milhões de metros quadrados no Jardim Satélite. Consta que este foi o maior projeto de implantação de infra-estrutura urbana empreendido pela iniciativa privada em São José dos Campos.

Hoje ainda há enormes eucaliptos, inerentes à época da Fazenda Cinquenta Alqueires, a maioria dentro de um corredor verde chamado Roberto Monteiro de Andrade, transformado em praça, onde crianças brincam, jovens namoram, atletas jogam bola, homens e mulheres da terceira idade lêem, todos eles sob a sombra e o frescor dos grandes eucaliptos. No chão há uma forração que ao ser pisada exala um mágico odor que nos faz respirar melhor. Um lugar para passear e contemplar as altaneiras árvores que parecem um verde exército que nos protegem da poluição visual, sonora e odorífica dos grandes centros urbanos. Lugar de descanso para a alma.





Rita Elisa Seda

Cronista, poeta, biógrafa, fotógrafa e jornalista.


www.palavrasdeseda.blogspot.com

rita@ritaelisaseda.com.br

ritelisa@ibest.com.br














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