Parábolas para Yasmin,
Todos os dias no sítio Nhá Chica a natureza ensina em forma de parábolas algumas lições que valem para a vida toda. Vou registrando o visual com máquina fotográfica e colocando “o preto no branco”, isso quer dizer “escrevendo em papel”, para jamais esquecê-las.
Aproveito e deixo esses registros para todos que gostam de parábolas. Escrevo conversando com minha neta, já que escrevi um livro para o meu neto: “Fábulas para Seishum”, agora é a vez da Yasmin.
Amoras silvestres na beira da estrada
Certa mulher, toda vez que passava pela estrada, recolhia frutos das amoreiras silvestres que cresceram margeando a cerca de arame farpado que circundava uma enorme fazenda à beira da estrada. Até que um dia, o dono dessa fazenda mandou cortar todas as amoreiras do local. A mulher passou por ali e ficou magoada pelo gesto egoísta do fazendeiro, pois as amoras eram colhidas não só por ela, mas por todos que passavam por ali. Prevenida, a mulher havia plantado em seu sítio algumas mudas dessa amorinha silvestre. Logo teria sua própria colheita e a deixaria à mostra para quem quisesse comer amoras silvestres.
Aprendizado: Yasmin, agora você aprendeu que o egoísmo é um muro que isola o homem no mundo do apego.
Cebolinha e salsa na horta
Certa mulher, muito atarefada com o almoço pediu ao marido para ir à horta e pegar cebolina e salsa. O homem demorou, demorou. Voltou da colheita, entregou para a esposa bastante cebolinha (que ele conhecia muito bem a planta) e um maço de várias hortaliças, onde tinha de tudo, menos a salsa. O homem se desculpou porque não sabia o que era salsa, pois a mulher era quem sempre ia à horta e nunca ensinou ao marido o nome das diferentes plantas.
Aprendizado: Yasmin, só podemos cobrar o que ensinamos ou o que sabemos que o outro realmente sabe. Compartilhar ensinamentos é dividir tarefas.
Sibipiruna que floresceu
Depois de carpir todo mato da encosta perto da estrada, patrão e empregado encontraram uma árvore caída, enorme, sem folhas, com as raízes aparecendo.
O empregado pediu permissão para cortar a árvore já que precisavam de pedaços de tronco para forrar o chão do passeio na frente da casa.
O patrão, olhou, pensou, e disse para que esperassem mais um tempo para ver se a árvore estava realmente morta.
Passaram-se alguns meses, aquele lugar que, antes, judiado, cheio de mato, ficou bonito, bem tratado, com a grama cortada e as árvores ganharam nova vida.
A velha árvore caída ganhou folhagem. Dali mais alguns meses, no mês de março, ela floresceu em amarelo ouro, agradecendo a vida e embelezando a paisagem.
Aprendizado: Yasmin, o patrão e empregado aprenderam uma verdadeira lição, a de que devemos cuidar do que está caído, maltratado; assim daremos nova chance, mesmo que pareça que não tenha mais jeito, pois algumas vezes... o milagre acontece.
A cada mês vou publicar aqui três novas parábolas. Na verdade já tenho um caderno repleto delas, amo escrever esses ensinamentos que só fazem bem para a alma.
Beijos para todos vocês e... boa parábola para todos.
Rita Elisa Seda